11. Laboratórios de Mudança no Brasil

Laboratório de Mudança no Brasil: Origens, Desenvolvimento e Disseminação

Marco Antonio Pereira Querol

Departamento de Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Sergipe, Brasil.

mapquero@gmail.com

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar a trajetória e o desenvolvimento do método de intervenção formativa do Laboratório de Mudança no Brasil. Para tanto, é construída uma narrativa que articula a experiência direta do autor com uma revisão sistemática de publicações disponíveis na plataforma Google Scholar. As primeiras publicações sobre o método datam de 2011 e 2012, seguidas de treinamentos, visitas técnicas e intercâmbios. Após um período inicial de "gestação", as primeiras intervenções foram implementadas em 2014. Desde então, pelo menos 40 intervenções foram realizadas no país, com predominância nas áreas de educação, saúde, agricultura e vigilância em saúde ocupacional. A análise da disseminação do método entre diferentes grupos de pesquisa indica que sua adoção requer pelo menos três processos principais: formação, estabelecimento de redes colaborativas e criação de um grupo de apoio local. Conclui-se que, tendo em vista a complexidade teórico-metodológica do Laboratório de Mudança, é fundamental fortalecer formas de cooperação em pesquisa inter e intragrupo.

Palavras-chave: Laboratório de Mudança; Intervenções Formativas; Teoria da Atividade Histórico-Cultural; Aprendizagem expansiva.

 

1.     Introdução

Desde a primeira publicação em português (Querol et al., 2011), em 2011, o Laboratório de Mudança vem se expandindo no Brasil e se consolidando como um método de intervenção formativa voltado para a promoção do desenvolvimento colaborativo nas organizações.

O Laboratório de Mudança é uma metodologia de intervenção que articula pesquisa e desenvolvimento por meio da colaboração entre pesquisadores e os sujeitos de uma determinada atividade. Juntos, problematizam a situação vivida, analisam contradições, projetam, implementam e avaliam soluções para os desafios identificados. De origem finlandesa, o método é baseado na Teoria Histórico-Cultural da Atividade e nos princípios da dialética materialista, fazendo uso de uma série de conceitos e modelos teóricos, como o princípio da dupla estimulação. Essa abordagem tem o potencial de promover, de forma participativa, transformações no conceito e na configuração dos sistemas de atividades, ao mesmo tempo em que contribui para a formação da agência transformadora dos participantes (Querol, 2011; Querol et al., 2011, 2020; Querol & Seppänen, 2019).

O objetivo deste artigo é narrar, a partir de minha experiência pessoal, conversas com colegas e uma análise documental, o histórico da inserção e expansão do método Laboratório de Mudança (Change Laboratory em inglês) no Brasil, bem como compartilhar minhas experiências com sua aplicação no país.

É importante ressaltar que a Teoria da Atividade já era conhecida no Brasil (Damiani, 2006; Engeström, 2002) antes das primeiras intervenções do Laboratório de Mudança. Deixo claro, portanto, que o foco deste trabalho é a história da aplicação do método do Laboratório de Mudanças, e não a Teoria Histórico-Cultural da Atividade como um todo. Pelo que pude apurar, com base em registos de publicações e em contacto com colegas, as negociações e recolha de dados das primeiras intervenções com recurso ao método Laboratório de Mudança decorreram em 2012 e 2013, com início das sessões em 2014.

A "gestação" dessas intervenções nos diferentes grupos de pesquisa certamente tem suas próprias histórias — como o leitor poderá perceber —, mas aqui apresento minha perspectiva, com destaque para o grupo PesquisaAT, pois foi aquele em que trabalhei mais intensamente e realizei o maior número de intervenções. Procuro incorporar, na medida do possível, contribuições de outros grupos com os quais colaborei, bem como de grupos com os quais não tive contato. Com base na memória, nos relatos trocados por mensagens com pesquisadores desses coletivos e na revisão da literatura, elaboro uma lista das intervenções formativas realizadas no Brasil até o momento.

A revisão bibliográfica foi realizada na base de dados Google Acadêmico, nos dias 29/07/2025 e 31/07/2025, utilizando, respectivamente, os descritores "Laboratório de Mudança" (218 resultados) e "Laboratório de Mudanças" (122 resultados) excluindo apenas citações. Um dos critérios de seleção adotados foi a presença explícita de uma declaração indicando que o estudo realizou uma intervenção baseada na metodologia do Laboratório de Mudanças. Foram incluídas teses, dissertações, artigos científicos e publicações em anais de eventos.

Este trabalho não tem como objetivo apresentar a base teórica da LM, pois esta já foi objeto de outras publicações (Querol et al., 2011, 2020; Querol & Seppänen, 2019). De fato, alguns estudos já relataram a trajetória histórica do método em nível internacional (Engeström et al., 1996; Engeström & Sannino, 2021; Querol et al., 2019; Virkkunen et al., 2014a; Virkkunen & Newnham, 2013). No entanto, ainda não há um relato específico sobre como foi introduzido no Brasil, quais intervenções já foram realizadas e quais são as condições para seu uso. Este trabalho procura preencher essa lacuna.

Minha motivação pessoal para escrever este artigo é que, ao sistematizar a trajetória do Laboratório de Mudanças no Brasil, encontro uma maneira de visualizar o produto do meu próprio trabalho. Obviamente, não sou o único pesquisador que trabalha nessa área, e certamente a LM teria surgido e se desenvolvido no Brasil mesmo sem a minha contribuição – embora talvez não com a mesma intensidade. Assim, a história da LM no Brasil se confunde com a minha própria história: conhecer uma é, em certa medida, conhecer a outra.

Para o leitor internacional, a trajetória da LM no Brasil pode revelar o que foi necessário para que o método se enraizasse e evoluísse nesse contexto. Como ficará evidente, esforços práticos como tradução, treinamento e organização de eventos foram fundamentais para sua consolidação e divulgação. Com este artigo, espero que os leitores de outros países possam aprender o que pode ser feito para implementar e difundir a LM em seus próprios contextos.

Espero que esta publicação possa ajudar pesquisadores e grupos de pesquisa interessados na aplicação do método a desenvolver estratégias para formar suas equipes e criar uma comunidade local solidária.

2.     A chegada do Laboratório de Mudança no Brasil

Em 2008, durante o  simpósio Activity2008, realizado em Helsinque, Finlândia, conheci um colega pesquisador chamado José Marçal Jackson Filho da Fundacentro no Rio de Janeiro. Na época, eu estava no segundo ano do meu doutorado no Centro de Pesquisa em Atividade, Desenvolvimento e Aprendizagem (CRADLE), onde trabalhavam Yrjö Engeström, Jaakko Virkkunen, Annalisa Sannino e Laura Seppänen, entre vários outros pesquisadores. Conversamos sobre nosso trabalho e trocamos contatos.

Em 2009, tive minha primeira experiência com o Laboratório de Mudança em uma intervenção na cadeia produtiva de hortaliças na Finlândia. Em colaboração com a investigadora Irene Vänninen, realizámos uma intervenção com produtores de tomate, com o objetivo de construir um novo modelo de controlo de pragas (Vänninen et al., 2015, 2021).

Em 2010, Marçal entrou em contato comigo por e-mail, informando-me que um grupo de pesquisa no Brasil, o PesquisAT (Pesquisa sobre Acidentes de Trabalho) liderado pelo professor Rodolfo Vilela, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, estava preparando um projeto de pesquisa e provavelmente estaria interessado na teoria da atividade como abordagem teórica. O grupo buscou articulação conceitual entre o TAHC e a Ergonomia da Atividade, que já era domínio de pesquisadores do campo das intervenções no trabalho e na saúde (Vilela et al., 2018).

O grupo PesquisAT já havia ampliado sua abordagem para analisar os acidentes de trabalho por meio da Ergonomia da Atividade, o que possibilitou identificar fatores organizacionais e desenvolver uma visão sistêmica mais ampla das causas dos acidentes (Vilela et al. 2018). No entanto, essa abordagem ainda carecia de uma teoria capaz de explicar a mudança: por que o sistema funcionava como funcionava, como os problemas surgiam e quais direções ele poderia tomar. Além disso, muitos estudos permaneceram no nível diagnóstico, sendo apresentados às empresas e depois arquivados, com pouco impacto transformacional. Diante disso, o grupo reconheceu a necessidade de uma abordagem intervencionista, na qual análises e soluções seriam desenvolvidas em conjunto com os sujeitos da atividade, em colaboração entre pesquisadores, trabalhadores e gestão.

Paralelamente à PesquisaAT, a Teoria Histórico-Cultural da Atividade e os trabalhos de Engeström já eram conhecidos por diversos grupos de pesquisa no Brasil, dos quais destaco quatro: o da Profa. Yara Bulgakov, da Universidade Positivo (Paraná); a da Profa. Magda Damiani, da Universidade Federal de Pelotas (Rio Grande do Sul), Profa. Fernanda Liberali, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e o grupo do Prof. Cristiano Matos, da Universidade de São Paulo. No entanto, até então, nenhum deles havia aplicado intervenção usando o LM. Em 2011 conheci no CRADLE alguns colegas brasileiros desses grupos de pesquisa, com os quais colaborei posteriormente e que atualmente são importantes colaboradores na área de Teoria da Atividade e do Laboratório de Mudanças no Brasil: Prof. Marcio Cassandre, André Machado Rodrigues e Monica Lemos.

Em colaboração com o Dr. José Marçal e o Professor Márcio Cassandre, com o objetivo de introduzir o Laboratório de Mudanças no Brasil, publicamos juntos um artigo em coautoria com o título Laboratório de Mudança: uma proposta metodológica para pesquisa e desenvolvimento da aprendizagem (Querol et al., 2011). Este é o primeiro registro da apresentação do Laboratório de Mudança em português que eu conheço.

Em 2011, iniciamos uma série de publicações com colegas, que posteriormente foram publicadas para atender à necessidade de material em português sobre o Laboratório de Mudanças. Dentre elas, destacam-se duas entrevistas: uma com o professor Yrjö Engeström (Lemos et al., 2013) e outro com o professor Virkkunen (Virkkunen et al., 2014b) além da tradução de textos-chave por Engeström (Engeström, 2001, 2016)  e às discussões sobre os contributos teóricos (M. Cassandre & Pereira-Querol, 2014; Querol et al., 2014).

Também em 2011, durante uma viagem a São Paulo, ministrei uma palestra na Faculdade de Saúde Pública, na qual apresentei o Laboratório de Mudanças. Também promovemos seminários voltados para a divulgação do método para pesquisadores brasileiros em Saúde do Trabalhador, o que despertou grande interesse.  Sob a coordenação do Prof. Rodolfo Vilela, pudemos concluir a elaboração de um projeto, que foi submetido à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e aprovado com o título "Acidente de trabalho: da análise sociotécnica à construção social da mudança" (FAPESP nº 2012/04721-1), com vigência de 2013 a 2019 (Vilela et al., 2019). A proposta do projeto foi utilizar a LM como principal ferramenta metodológica de apoio à pesquisa e desenvolvimento, com foco na prevenção de acidentes de trabalho e na melhoria da saúde dos trabalhadores.

3.     Formação e troca de experiências (2012 e 2013)

Em outubro de 2011, defendi minha tese de doutorado sobre Desafios de Aprendizagem para a Sustentabilidade (Querol, 2011). Em junho de 2012 voltei ao Brasil e iniciei uma colaboração mais intensa com o grupo PesquisaAT e com Marcio Cassandre. Em julho de 2012, fui convidado a ir a Piracicaba, São Paulo, para ministrar uma palestra sobre o Laboratório de Mudanças para um grupo de profissionais do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Piracicaba. Em vez de dar uma palestra tradicional, decidi realizar uma mini sessão da LM, na qual buscamos analisar historicamente o sistema de atividades e formular hipóteses de contradições. O grupo apreciou a abordagem, que culminaria na implementação de uma intervenção mais ampla de LM em 2014. 

Para capacitar pesquisadores e profissionais do PesquisaAT interessados na implantação do Laboratório de Mudança, em setembro de 2012 foi realizado um curso sobre Laboratório de Mudança, em colaboração com a Universidade de Helsinque. Para ensiná-lo, convidamos meu orientador de tese, o professor Jaakko Virkkunen, um dos principais desenvolvedores do método. O curso foi realizado na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), e teve como foco a apresentação dos fundamentos teórico-conceituais e exemplos de intervenções já realizadas. A metodologia adotada foi predominantemente expositiva, o que gerou dificuldades de aprendizagem para os participantes, devido à ausência de atividades práticas e experiências com a aplicação do método.

Durante o curso, os participantes foram divididos em três grupos, sendo que cada grupo foi responsável pelo planejamento do piloto de uma intervenção. Ao todo, foram desenvolvidos três projetos-piloto: um na atividade de Vigilância em Saúde do Trabalhador, um no Hospital das Clínicas da USP e outro no Centro de Saúde Escola da USP.

Após o curso, entre 2012 e 2013, três integrantes do grupo PesquisaAT — Prof. Ildeberto Almeida (2012), Prof. Rodolfo Vilela (2013) e a então doutoranda Manoela Lopes (2013) — participaram de um intercâmbio na Universidade de Helsinque, Finlândia. Durante o período, eles também participaram da Escola de Verão sobre Teoria da Atividade e do Laboratório de Mudanças, organizados pela universidade. Durante a visita, os pesquisadores visitaram o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional e o CRADLE. 

Em 2013, o Prof. Jaakko Virkkunen publicou um livro fundamental que sistematiza o método do Laboratório de Mudança, abordando seus fundamentos filosóficos e teóricos, bem como o passo a passo da aplicação de sua aplicação (Virkkunen & Newnham, 2013). Assim que o trabalho foi lançado, iniciamos sua tradução para o português na PesquisaAT, que foi publicada em 2015 (Virkkunen & Newnham, 2015).

Em 2013, iniciei meu pós-doutorado na Universidade Federal do Paraná, com um projeto voltado para a formação de conceitos para a gestão de resíduos sólidos no Estado do Paraná. Nesse período, apresentei o método do Laboratório de Mudanças em um seminário que contou com a presença, entre outros participantes, de dois gestores do Hospital Universitário (HU) de Maringá. Após uma breve conversa e troca de contatos, surgiu a ideia de aplicar o método na instituição. Na época, entrei em contato com o professor Cassandre e apresentei-lhe a proposta, que foi recebida com entusiasmo.

Em setembro de 2013, iniciamos o processo de negociação e coleta de dados para a intervenção no HU de Maringá. Fui a Maringá para ministrar uma palestra para profissionais do HU interessados em participar da intervenção. As reuniões preparatórias continuaram sob a coordenação do Prof. Cassandre, com o apoio do Profa. Carine Senger, até 2014, quando finalmente começaram as sessões do Laboratório de Mudança.

Em 2014, durante meu pós-doutorado em Curitiba (PR), conheci o Prof. Manoel Lesama, do grupo de pesquisa "Socioeconomia e Saberes Locais", da Universidade Federal do Paraná, que trabalhava com pesquisas em agroecologia e sistemas agroflorestais. A partir deste encontro, fui convidado a dar uma palestra sobre Teoria da Atividade e o Laboratório de Mudança para seu grupo de pesquisa. A apresentação despertou o interesse dos participantes, que passaram a explorar possibilidades de aplicação desses referenciais nos estudos desenvolvidos pelos alunos — o que resultou na implementação de duas intervenções.

Em 2015, foi oferecido novamente um curso na FSP-USP com o professor Jaakko Virkkunen, com a colaboração da pesquisadora visitante Laura Seppänen. Nesta segunda edição, a proposta do curso foi ampliada, incorporando tanto fundamentos teóricos quanto a análise de casos reais de intervenção em andamento, e incluiu também a realização de tarefas preparatórias pelos participantes.

Em 2015, duas pesquisadoras brasileiras, Manoela Lopes do Grupo de Pesquisa em Acidentes de Trabalho (PesquisAT) e Adriane Cenci da Educação e Psicologia Histórico-Cultural (EPHC), fizeram intercâmbio no CRADLE, Finlândia por meio de doutorado sanduíche sob orientação do professor emérito Yrjö Engeström, com o objetivo de obter apoio na análise dos dados de suas intervenções.

Do final de setembro de 2015 a meados de janeiro de 2016, durante quatro meses, o grupo PesquisaAT recebeu a visita da pesquisadora do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, minha co-orientadora Dra. Laura Seppänen da Faculdade de Saúde Pública. O objetivo da visita foi facilitar a transferência de conhecimento sobre o método. Para tanto, obtivemos recursos da FAPESP, na modalidade pesquisador visitante. Durante sua estada, a Dra. Seppänen auxiliou pesquisadores brasileiros na condução de diferentes projetos com o Laboratório de Mudanças. Além disso, liderou seminários de estudo sobre o método para o grupo PesquisaAT e colaborou na coordenação da submissão de resultados de pesquisa.

Em outubro de 2016, o grupo PesquisaAT idealizou e implementou a primeira edição brasileira do curso sobre LM oferecido na FSP-USP, ajustado ao contexto nacional e às demandas específicas do grupo. A carga horária foi aumentada e formamos uma equipe de instrutores.  A construção da disciplina foi realizada de forma colaborativa entre os professores e instrutores envolvidos, com abertura às necessidades de aprendizagem expressas pelos alunos. Esse formato possibilitou uma avaliação contínua do processo por todos os participantes, permitindo ajustes ao longo do desenvolvimento do curso. Esse modelo de disciplina foi reaplicado em 2018 e 2019.

Em 2017, outro curso foi oferecido com os professores eméritos Reijo Miettinen e Jaakko Virkkunen do CRADLE. O professor Reijo ministrou a parte conceitual no formato de seminários e debates, e o planejamento e condução das intervenções foi coordenado pelos professores Jaakko e Laura, utilizando como método discussões de casos em subgrupos enriquecidos pela presença de participantes dos Laboratórios de Mudança em andamento.

Em 2019, a partir das discussões sobre as lições aprendidas com o projeto temático, o grupo PesquisaAT destacou a necessidade de ampliar as soluções desenvolvidas e sustentar, a longo prazo, o processo de aprendizagem (Vilela et al., 2020). Nesse mesmo ano, a FAPESP lançou, em parceria com a Agência Nacional de Pesquisa da França, uma chamada de propostas para pesquisa colaborativa entre os dois países. Vislumbrando a colaboração com pesquisadores franceses, o grupo PesquisAT iniciou a construção de uma nova iniciativa com pesquisadores do Conservatório Nacional de Artes e Ofícios (em francês: Conservatoire National des Arts et Métiers - CNAM), dando origem ao projeto Inovação e Transformação da Atividade de Prevenção de Riscos Ocupacionais (ITAPAR).

A partir de 2020, os cursos do Laboratório de Mudança, organizados pelo grupo PesquisaAT, passaram a ser oferecidos exclusivamente por professores brasileiros, mantendo o formato iniciado em 2016, mas com estrutura interinstitucional. As aulas passaram a ser realizadas online e contaram com a participação de professores de diferentes universidades, sendo cada encontro conduzido por um professor de uma instituição diferente. Essa estratégia buscou fortalecer dois aspectos principais: (1) garantir maior continuidade à disciplina, evitando a dependência de apenas um ou dois professores; e (2) promover o engajamento, a aprendizagem e o envolvimento de outros professores, considerando que, para ensinar o método, é necessário compreendê-lo profundamente. Desde então, os cursos são oferecidos nesse formato colaborativo. Por questões burocráticas, nos últimos dois anos (2024 e 2025), a disciplina deixou de estar vinculada à pós-graduação da FSP-USP e passou a ser oferecida pela UNESP, que oferece maior flexibilidade para disciplinas interinstitucionais.

Nos demais grupos, MEDIATA e EPHC, o processo de capacitação dos pesquisadores no método se deu por meio de leituras, grupos de estudos e tutoria individualizada durante as trocas. No grupo MEDATATA, por exemplo, os pesquisadores se reúnem periodicamente para ler, discutir casos e trocar experiências.

4.     Intervenções de LM no Brasil

Um total de 40 intervenções (Tabela 1) foram identificadas e conduzidas por diferentes grupos de pesquisa. As primeiras ocorreram em 2014, de forma relativamente paralela, em três grupos distintos: PesquisaAT, MEDATA e EPHC. A maioria das intervenções foi realizada nas áreas de educação (35%), saúde (20%), agricultura (10%) e vigilância do trabalho (7%).

Embora as negociações e a coleta de dados para as primeiras intervenções com o método Laboratório de Mudança tenham começado em 2012 e 2013, as sessões propriamente ditas só começaram em 2014. Dentre eles, destacam-se: intervenção na atividade de gerenciamento de resíduos sólidos (M. P. Cassandre et al., 2018; Paniza, 2016), a intervenção relacionada com a construção de um aeroporto (Lopes et al., 2018a, 2018b), um na vigilância em saúde ocupacional do CEREST Piracicaba (Cerveny et al., 2020; Vilela et al., 2018) e uma na educação básica com o objetivo de promover a inclusão de alunos com deficiência (Cenci, 2016; Cenci et al., 2019, 2020).

Este último descrito por Cenci (Cenci, 2016) foi realizado pelo grupo de pesquisa Educação e Psicologia Histórico-Cultural (EPHC), coordenado pela professora Magda Damiani, da Universidade Federal de Pelotas. A intervenção com o gerenciamento de resíduos sólidos na HU de Maringá foi conduzida pelo Prof. Cassandre, que posteriormente criou o grupo de pesquisa MEDIATA.

Dentre as LMs realizadas em 2014, destaca-se a realizada no CEREST de Piracicaba, cuja proposta não se limitou à experimentação de uma nova abordagem, mas visava a adoção de uma metodologia inovadora de intervenção nas empresas. Essa metodologia buscou superar a lógica tradicional centrada em recomendações e sanções, promovendo transformações nos processos produtivos e organizacionais por meio da participação ativa de atores internos nas empresas. A experiência resultou em uma mudança paradigmática na forma de atuação do serviço de vigilância em saúde do trabalhador, sinalizando uma inflexão em direção a práticas mais participativas e transformadoras (Vilela et al., 2018).

A partir de 2015, o número de intervenções começa a aumentar. Entre eles, uma escola primária (Avellar, 2017; Silva-Macaia et al., 2019), um na atividade de crédito rural (Picinatto, 2017); no ensino superior (Vilas-Boas et al., 2020) e em um Centro de Saúde Escolar (S. V. Costa et al., 2018).

Entre 2016, foram realizadas diversas intervenções, inclusive nas atividades de reinserção de adolescentes em conflito com a lei (Morgado, 2023), nos transportes metropolitanos (Lopes et al., 2020), no serviço de hemodiálise (Masiero et al., 2020), na luta contra o trabalho infantil (Donatelli, 2019), na rede de serviços de saúde (Guidi Junior, 2018; Silva-Macaia et al., 2020); e outro na gestão de uma associação de produtores agroflorestais (Francisco Junior, 2018; Francisco-Junior et al., 2023).

Entre as intervenções realizadas em 2016, destaco aqui a realizada na atividade de transporte ferroviário (Lopes et al., 2020) pela investigadora Manoela Lopes. Esse Laboratório de Mudanças resultou em uma série de inovações, incluindo a combinação do método com o Modelo de Análise de Prevenção de Acidentes (MAPA), o uso de oficinas de treinamento e a formação de grupos colaborativos de planejamento para as sessões. Dentre essas inovações, destaca-se a realização de oficinas de capacitação, que tiveram papel fundamental na capacitação dos participantes da intervenção quanto aos conceitos envolvidos, o que contribuiu para um uso mais qualificado desses referenciais nas sessões subsequentes.

Entre 2017 e 2019, foram realizadas diversas intervenções aplicando o método Laboratório de Mudança em diferentes setores. Em 2017, destacam-se as iniciativas nas áreas de limpeza pública (Bobadilha, 2020; Coluci et al., 2020) e assistência ao parto e maternidade (conduzida pelo grupo Gênero, Maternidade e Saúde – GEMAS, (Diniz et al., 2021; Niy & Diniz, 2023)ensino superior (Santos, 2017).

No ano seguinte, em 2018, houve intervenções na Segurança Social (Tessarro; Querol; Almeida, 2022), em gestão de negócios (Palongan et al., 2019) e na luta contra as doenças endémicas (Paulino, 2021)escola primária (Cruz, 2020). Em 2019, foram realizadas ações voltadas à valorização do café em uma cooperativa do norte do Paraná (Leite, 2020), na qualificação da Atenção Primária à Saúde (Bezerra, 2022), educação de jovens e adultos (Dias, 2021).

Em 2020, devido às restrições de aglomeração causadas pela pandemia de COVID-19, as intervenções com o método Laboratório de Mudança tiveram que ser repensadas. Muitos foram adiados ou cancelados, e os que ocorreram durante esse período foram realizados principalmente online. Dentre as intervenções realizadas nesse contexto, destacam-se ações na educação básica voltadas para crianças com necessidades especiais (do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva de Vygotski - GEPEIVyg; (Gomes, 2022), no Ministério Público da Infância e da Juventude (Grecco, 2023), na produção de café (Senger, 2022) e na prevenção de mortes por acidentes de trabalho (Moriyama et al., 2022)escola primária (De Matos Oliveira; de Loiola Araújo, 2024).

Em 2021, com o relaxamento das restrições da COVID-19, as intervenções de CL voltarão ao presencial.  Em 2021, foi realizada uma intervenção na atividade de cooperação internacional (M. P. Cassandre et al., 2024), em um coletivo de mulheres pesquisadoras (Pontes, 2022)Escola primária (Betty, 2023). Em 2022, foram realizadas intervenções na atividade de segurança pública da Polícia Militar de Santa Catarina (Schüler, 2024; Zanotti, 2024), Serviço de Saúde para Usuários de Álcool e Outras Drogas (S. L. B. Hurtado et al., 2024), Gestão Hospitalar (Ferreira et al., 2024) e no ensino fundamental (do Grupo de Pesquisa em Práticas e Formação para a Docência – GPDOC; (A. M. Costa & Powaczuk, 2024).

Em 2023, foi realizada uma intervenção na atividade de educação básica inclusiva (Morais, 2024) (Morais, 2024), ensino superior (Postiglione et al., 2025) Vigilância de Acidentes de Trabalho (S. B. Hurtado, Em prelo), a atividade sindical do petróleo (Takahashi et al., 2024). Provavelmente, outras intervenções foram implementadas em 2024 e 2025; No entanto, devido ao tempo necessário para análise e publicação, essas experiências só devem ser conhecidas em breve.

Tabela 1. Intervenções com o método Laboratório de Mudança realizadas no Brasil, desde a primeira em 2014 até o presente.


Data

Atividade

Setor

Instituição

Local

Grupo de pesquisa

Refs.

2014

Vigilância em Saúde Ocupacional

Saúde ocupacional

Centro de Referência em Saúde do Trabalhador

Piracicaba, SP

Pesquisar EM

(Cerveny et al., 2020; Vilela et al., 2018)

2014

Escola primária

Educação

Escola primária

Pelotas-RS

EPHC

(Cenci, 2016; Cenci et al., 2019)

2014

Construção

Infra-estrutura

Aeroporto de Viracopos

Campinas, SP

Pesquisar EM

(Lopes et al., 2018a, 2018b)

2014

Gestão de Resíduos Sólidos

Ambiente

Hospital Universitário de Maringá

Maringá, PR

MEDIAR

(M. P. Cassandre et al., 2018)

2015

Crédito Rural

Agricultura

UNICAFES Cooperativas

Sudoeste do PR

Socioeconomia e Conhecimento Local

(Picinatto, 2017)

2015

Serviço de saúde

Saúde

Centro de Saúde Escola da USP

São Paulo, SP

Pesquisar EM

(S. V. Costa et al., 2018)

2015

Escola primária

Educação

Escola Metropolitana

RMSP

Pesquisar EM

(Avellar, 2017; Silva-Macaia et al., 2019)

2015

Ensino Superior em Medicina

Educação

Universidade Federal de Pelotas

Pelotas-RS

EPHC

(Vilas-Boas et al., 2020)

2016

Prevenção do trabalho infantil

Justiça e Direitos

COMETIL

Limeira, SP

Pesquisar EM

(Donatelli, 2019)

2016

Serviço de Hemodiálise

Saúde

Hospital Universitário

Estado de SP

Pesquisar EM

(Masiero et al., 2020)

2016

Gestão de uma Associação Agroflorestal

Agricultura

Associação Agroflorestal Ecológica Morretes

Matinhos, PR

Socioeconomia e Conhecimento Local

(Francisco Junior, 2018; Francisco-Junior et al., 2023)

2016-2017

Reintegração de adolescentes em conflito com a lei

Assistência social

Fundação Casa

Campinas, SP

Pesquisar EM

(Morgado, 2023)

2016-2018

Serviços de saúde

Saúde

Rede de Atenção a Acidentes de Trabalho

Piracicaba, SP

Pesquisar EM

(Guidi Junior, 2018; Silva-Macaia et al., 2020)

2017

Transporte ferroviário

Transporte

Empresa de transporte metropolitano

São Paulo, SP

Pesquisar EM

(Lopes et al., 2020)

2017

Limpeza Pública

Educação

Empresa de Limpeza Pública

Interior de SP

Pesquisar EM

(Bobadilha, 2020; Coluci et al., 2020)

2017

Ensino superior

Educação

Instituição Pública de Ensino Superior

N/A

MEDIAR

(Santos, 2017)

2017

Parto e maternidade

Saúde

Maternidade de São Paulo

São Paulo, SP

GEMAS

(Diniz et al., 2021; Niy & Diniz, 2023)

2018

Gestão da empresa

Administração

Empresa de cosméticos

N/A

MEDIAR

(Palongan et al., 2019)

2018

Controle de Doenças Endêmicas

Saúde

SINDSEP-SP

São Paulo

Pesquisar EM

(Paulino, 2021)

2018

Segurança social

Assistência social

INSS

Jaú, SP

Pesquisar EM

(Tessarro et al., 2022)

2019

Escola primária

Educação

Escola Pública do Município de Osasco

Osasco, SP

N/A

(Cruz, 2020)

2019

Atenção Primária à Saúde

Saúde

Unidade Básica de Saúde

Parnaíba, PI

Pesquisar EM

(Bezerra, 2022)

2019

Educação de Jovens e Adultos

Educação

Redes Públicas no Estado da Paraíba

Online

N/A

(Dias, 2021)

2019

Produção de café

Agricultura

Cooperativa dos Cafeicultores do Norte do Paraná

Tomazina-PR

MEDIAR

(Leite, 2020)

2020

Produção de café

Agricultura

Centro Comunitário do Matão

Tomazina-PR

MEDIAR

(Senger, 2022)

2020

Ministério Público da Justiça da Infância e da Juventude

Justiça e Direitos

Ministério Público do Estado de São Paulo

São Paulo, SP (online)

ITAPAR

(Grecco, 2023)

2020

Prevenção de Mortes por Acidentes de Trabalho

Saúde ocupacional

SUS, VISAT e CEREST

Online

ITAPAR

(Moriyama et al., 2022)

2020

Ensino Fundamental

Educação

Escola primária

Contagem, MG Online

N/A

(Oliveira & Araújo, 2024)

2020

Educação Especial de Ensino Fundamental

Educação

Escola pública

Natal, RN (online)

GEPEIVyg

(Gomes, 2022)

2021

Cooperação internacional

Educação

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, PR

MEDIAR

(M. P. Cassandre et al., 2024)

2021

Ensino Fundamental

Educação

Escola primária

Limeira, SP

ITAPAR

(Betty, 2023)

2021

Movimento Social

Sociedade civil

Coletivo de Mulheres Pesquisadoras em Administração (COMPA)

Online

MEDIAR

(Pontes, 2022)

2022

Gestão Hospitalar

Saúde

Hospital Universitário

N/A

ITAPAR

(Ferreira et al., 2024)

2022

Serviço de saúde

Saúde

Centro de Saúde para Usuários de Álcool e Outras Drogas

Botucatu, SP

ITAPAR

(S. L. B. Hurtado et al., 2024)

2022

Segurança Pública

Segurança

Polícia Militar de Santa Catarina

N/A

ITAPAR

(Schüler, 2024; Zanotti, 2024)

2022

Ensino Fundamental

Educação

Escola primária

Santa Maria, RS

GPDOC

(A. M. Costa & Powaczuk, 2024)

2023

Vigilância de Acidentes de Trabalho

Saúde ocupacional

CEREST, Empresas e Sindicatos

Piracicaba, SP

ITAPAR

(Hurtado, no prelo)

2023

Fundo Ensino. Especial

Educação

Ensino Fundamental I

Natal, RN

GEPEIVyg

(Morais, 2024)

2023

Sindicalismo petrolífero

Sociedade civil

Sindicato dos Petroleiros - SINDIPETRO

Litoral paulista

ITAPAR

(Takahashi et al., 2024)

2023

Ensino superior

Educação

Universidade Pública Federal

Santa Maria, RS

N/A

(Postiglione et al., 2025)


5.     Discussão

O artigo tem como objetivo responder às perguntas: Quantas e quais intervenções de LM foram realizadas? Quais condições permitiram o surgimento e a difusão da LM no Brasil?

A análise histórica do surgimento e expansão do Laboratório de Mudanças em diferentes grupos de pesquisa no Brasil indica que, mesmo antes do início das negociações e da coleta de dados, há um período prévio de "gestação". Esse processo de gestação parece seguir um padrão recorrente, geralmente composto por três estágios principais:

1.     Formação de equipas de investigadores intervencionistas;

  1. Estabelecimento de redes com comunidades externas (networking);
  2. Construindo uma comunidade local de prática.

O treinamento pode ocorrer de várias maneiras: por meio da participação em cursos formais (como MOOCs, cursos de verão ou cursos acadêmicos) ou de forma mais artesanal e individual, como autoleitura, acesso a vídeos e discussões em pequenos grupos. Outra forma, embora menos comum, é a inserção em intervenções já em andamento, o que permite o aprendizado direto na prática.

Dada a forte base teórica da LM, esse treinamento requer material de apoio especializado, como textos, vídeos e estudos de caso. Esses materiais geralmente precisam ser traduzidos e adaptados ao contexto cultural local - incluindo idioma, vocabulário e práticas específicas - para se tornarem efetivamente aplicáveis.

O trabalho em rede desempenha um papel fundamental nesse processo, funcionando como uma rede de apoio técnico e conceitual. Pode ser alcançado por meio da participação em eventos, intercâmbios acadêmicos, visitas de pesquisadores ou reuniões individuais. Esse contato externo contribui significativamente para a transferência de conhecimento, além de oferecer suporte em momentos-chave como a negociação, análise e planejamento de intervenções. Isso se torna ainda mais relevante tendo em vista a complexidade teórica envolvida na realização de uma LM.

Paralelamente ao treinamento e ao networking, grupos locais de discussão e apoio estão começando a se formar. À medida que essa comunidade local se consolida, a dependência do intercâmbio internacional tende a diminuir, e o trabalho em rede externo passa a desempenhar um papel mais voltado para a contínua atualização e aprofundamento do conhecimento.

No caso do grupo de pesquisa PesquisaAT, devido ao grande número de pesquisadores envolvidos, o processo de formação foi institucionalizado por meio de disciplinas, que foram inicialmente organizadas por professores externos e com o tempo passaram a ser conduzidas pela própria equipe. Em outros grupos, o processo de formação parece permanecer mais artesanal, por meio de discussões periódicas em grupo e tutoria individualizada.

A trajetória histórica da LM no Brasil sugere o surgimento de subcomunidades locais compostas por pesquisadores seniores e estudantes com diferentes níveis de especialização, que se articulam com redes mais amplas por meio de conexões com pesquisadores externos, buscando validação, aconselhamento e suporte metodológico. Ferramentas como vídeos e traduções expandem o acesso ao conteúdo de treinamento, enquanto cursos online, MOOCs e escolas de verão contribuem para um treinamento mais estruturado. Além disso, as inovações promovidas pelo nosso grupo, como seminários mensais, um curso anual dedicado ao método e a possibilidade de aprendizagem por meio da participação em outras LMs, fortalecem os processos de aprendizagem e favorecem a multiplicação qualificada dessa abordagem em diferentes territórios e temas.

Esse processo de apoio às comunidades locais é reconhecido e conceituado como plataformas de aprendizagem Lopes e colegas (Lopes et al., 2021). Essas plataformas são entendidas como sistemas de atividades intermediárias, nas quais os participantes têm outra atividade como objeto de ação. Exemplos dessas plataformas incluem o processo de treinamento de métodos, reuniões de planejamento de intervenção, entre outros. Essas plataformas provam ser uma importante estratégia de aprendizado.

6.     Desafios conceituais e práticos

Durante a adoção e implementação do Laboratório de Mudanças no Brasil, surgiram desafios conceituais e práticos, afetando pesquisadores e participantes. Entre os desafios conceituais, dois se mostraram particularmente complexos: os conceitos de objeto e contradição.

Na teoria da atividade, o conceito de objeto é de natureza dual: refere-se simultaneamente à matéria-prima ou à situação-problema inicial a ser transformada e ao resultado previsto, o futuro desejado (Miettinen, 2005). Muitos membros dos grupos lutaram para compreender essa dualidade, o que torna a identificação do objeto da atividade um processo demorado e exigente dentro das intervenções.

O conceito de contradição também apresenta dificuldades, não apenas para pesquisadores iniciantes, mas também para os mais experientes. Muitas vezes é interpretado como sinônimo de conflito, barreira ou falta de algo; No entanto, no sentido dialético, uma contradição refere-se a forças internas opostas que coexistem dentro de um elemento ou sistema e impulsionam seu desenvolvimento (Vilela et al., 2020).

A meu ver, a raiz dessa dificuldade reside no fato de que a compreensão completa desses dois conceitos requer um pensamento dialético, particularmente fundamentado em dois princípios: o princípio das relações internas e o princípio da contradição como força motriz do desenvolvimento. Para aqueles que não estão acostumados a esse tipo de raciocínio, pode ser um desafio reconhecer o aspecto dual do objeto e aceitar a contradição como uma característica permanente e estrutural da realidade. Assimilar e aplicar essa lógica demanda tempo e prática.

Além disso, dois desafios práticos foram particularmente relevantes. A primeira diz respeito ao objeto específico da saúde ocupacional e da prevenção de acidentes durante a negociação de intervenções. A prevenção de acidentes nem sempre parece atrativa para a gestão, o que exige maiores esforços de negociação e construção de demanda.

O segundo está ligado à forte cultura hierárquica no Brasil, que é muito mais pronunciada do que nos países nórdicos. Nas organizações brasileiras, há uma divisão rígida do trabalho em relação à inovação e ao desenvolvimento: a gestão é responsável pelo planejamento e pela tomada de decisões, enquanto os trabalhadores se restringem à execução das tarefas. Essa cultura limita a participação ativa dos trabalhadores nos processos de transformação e pode gerar resistência da gestão. Portanto, é necessário abordar esse problema explicitamente com a gerência antes de iniciar as sessões. Em alguns casos, os problemas de comunicação entre os trabalhadores e a gerência são tão graves que sessões paralelas são necessárias até que um nível suficiente de aprendizado e confiança seja estabelecido.

7.     Considerações Finais

Dada a complexidade teórica envolvida, a implementação de um Laboratório de Mudanças requer um processo cuidadoso de treinamento e suporte especializado. Para acelerar sua difusão no Brasil, seria essencial ter uma coordenação nacional que facilitasse esse processo de "gestação". Isso poderia ser feito por meio da oferta de cursos estruturados, materiais didáticos adaptados às condições locais — como vídeos, guias práticos e textos traduzidos — e espaços de formação continuada.

Além disso, fortalecer o trabalho em rede entre pesquisadores e profissionais que trabalham com LMs é essencial. A troca de experiências e o apoio técnico e metodológico entre os grupos podem ampliar o alcance e a qualidade das intervenções.

Nesse sentido, propõe-se a criação de uma rede nacional de pesquisadores envolvidos com os Laboratórios de Mudança, com o objetivo de articular esforços, compartilhar conhecimentos e promover a consolidação dessa abordagem em diferentes contextos brasileiros.

Sobre o promotor


Marco Antonio Pereira Querol é Professor Associado do Departamento de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Sergipe (UFS), lecionando Sociologia Rural, Extensão Rural e Movimentos Sociais. Sua pesquisa se concentra em Inovação, Sustentabilidade, Aprendizagem Organizacional, Teoria da Atividade Histórico-Cultural e Metodologias Intervencionistas, particularmente o Laboratório de Mudança.

E-mail: mapquero@gmail.com

ORCID: 0000-0003-3815-1835.

 

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