11. Laboratórios de Mudança no Brasil
Laboratório de Mudança no Brasil: Origens, Desenvolvimento e
Disseminação
Marco Antonio Pereira Querol
Departamento de Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Sergipe, Brasil.
Resumo
Este artigo tem como objetivo apresentar a
trajetória e o desenvolvimento do método de intervenção formativa do
Laboratório de Mudança no Brasil. Para tanto, é construída uma narrativa que
articula a experiência direta do autor com uma revisão sistemática de
publicações disponíveis na plataforma Google Scholar. As primeiras publicações
sobre o método datam de 2011 e 2012, seguidas de treinamentos, visitas técnicas
e intercâmbios. Após um período inicial de "gestação", as primeiras
intervenções foram implementadas em 2014. Desde então, pelo menos 40
intervenções foram realizadas no país, com predominância nas áreas de educação,
saúde, agricultura e vigilância em saúde ocupacional. A análise da disseminação
do método entre diferentes grupos de pesquisa indica que sua adoção requer pelo
menos três processos principais: formação, estabelecimento de redes
colaborativas e criação de um grupo de apoio local. Conclui-se que, tendo em
vista a complexidade teórico-metodológica do Laboratório de Mudança, é fundamental
fortalecer formas de cooperação em pesquisa inter e intragrupo.
Palavras-chave: Laboratório
de Mudança; Intervenções Formativas; Teoria da Atividade Histórico-Cultural;
Aprendizagem expansiva.
1. Introdução
Desde a primeira publicação em português (Querol
et al., 2011),
em 2011, o Laboratório de Mudança vem se expandindo no Brasil e se consolidando
como um método de intervenção formativa voltado para a promoção do
desenvolvimento colaborativo nas organizações.
O Laboratório de Mudança é uma metodologia de
intervenção que articula pesquisa e desenvolvimento por meio da colaboração
entre pesquisadores e os sujeitos de uma determinada atividade. Juntos,
problematizam a situação vivida, analisam contradições, projetam, implementam e
avaliam soluções para os desafios identificados. De origem finlandesa, o método
é baseado na Teoria Histórico-Cultural da Atividade e nos princípios da
dialética materialista, fazendo uso de uma série de conceitos e modelos
teóricos, como o princípio da dupla estimulação. Essa abordagem tem o potencial
de promover, de forma participativa, transformações no conceito e na
configuração dos sistemas de atividades, ao mesmo tempo em que contribui para a
formação da agência transformadora dos participantes (Querol, 2011; Querol et al., 2011, 2020; Querol
& Seppänen, 2019).
O objetivo deste artigo é narrar, a partir de
minha experiência pessoal, conversas com colegas e uma análise documental, o
histórico da inserção e expansão do método Laboratório de Mudança (Change
Laboratory em inglês) no Brasil, bem como compartilhar minhas experiências com
sua aplicação no país.
É importante ressaltar que a Teoria da
Atividade já era conhecida no Brasil (Damiani, 2006; Engeström, 2002) antes das primeiras
intervenções do Laboratório de Mudança. Deixo claro, portanto, que o foco deste
trabalho é a história da aplicação do método do Laboratório de Mudanças, e não
a Teoria Histórico-Cultural da Atividade como um todo. Pelo que pude apurar,
com base em registos de publicações e em contacto com colegas, as negociações e
recolha de dados das primeiras intervenções com recurso ao método Laboratório
de Mudança decorreram em 2012 e 2013, com início das sessões em 2014.
A "gestação" dessas intervenções
nos diferentes grupos de pesquisa certamente tem suas próprias histórias — como
o leitor poderá perceber —, mas aqui apresento minha perspectiva, com destaque
para o grupo PesquisaAT, pois foi aquele em que trabalhei mais intensamente e
realizei o maior número de intervenções. Procuro incorporar, na medida do
possível, contribuições de outros grupos com os quais colaborei, bem como de
grupos com os quais não tive contato. Com base na memória, nos relatos trocados
por mensagens com pesquisadores desses coletivos e na revisão da literatura,
elaboro uma lista das intervenções formativas realizadas no Brasil até o
momento.
A revisão bibliográfica foi realizada na base
de dados Google Acadêmico, nos dias 29/07/2025 e 31/07/2025, utilizando,
respectivamente, os descritores "Laboratório de Mudança" (218
resultados) e "Laboratório de Mudanças" (122 resultados) excluindo
apenas citações. Um dos critérios de seleção adotados foi a presença
explícita de uma declaração indicando que o estudo realizou uma intervenção
baseada na metodologia do Laboratório de Mudanças. Foram incluídas teses,
dissertações, artigos científicos e publicações em anais de eventos.
Este trabalho não tem como objetivo
apresentar a base teórica da LM, pois esta já foi objeto de outras publicações (Querol et al., 2011, 2020; Querol & Seppänen,
2019).
De fato, alguns estudos já relataram a trajetória histórica do método em nível
internacional (Engeström et al., 1996;
Engeström & Sannino, 2021; Querol et al., 2019; Virkkunen et al., 2014a;
Virkkunen & Newnham, 2013). No entanto, ainda não há um relato específico
sobre como foi introduzido no Brasil, quais intervenções já foram realizadas e
quais são as condições para seu uso. Este trabalho procura preencher essa
lacuna.
Minha motivação pessoal para escrever este
artigo é que, ao sistematizar a trajetória do Laboratório de Mudanças no
Brasil, encontro uma maneira de visualizar o produto do meu próprio trabalho.
Obviamente, não sou o único pesquisador que trabalha nessa área, e certamente a
LM teria surgido e se desenvolvido no Brasil mesmo sem a minha contribuição –
embora talvez não com a mesma intensidade. Assim, a história da LM no Brasil se
confunde com a minha própria história: conhecer uma é, em certa medida,
conhecer a outra.
Para o leitor internacional, a trajetória da LM
no Brasil pode revelar o que foi necessário para que o método se enraizasse e
evoluísse nesse contexto. Como ficará evidente, esforços práticos como
tradução, treinamento e organização de eventos foram fundamentais para sua
consolidação e divulgação. Com este artigo, espero que os leitores de outros
países possam aprender o que pode ser feito para implementar e difundir a LM em
seus próprios contextos.
Espero que esta publicação possa ajudar
pesquisadores e grupos de pesquisa interessados na aplicação do método a
desenvolver estratégias para formar suas equipes e criar uma comunidade local
solidária.
2. A
chegada do Laboratório de Mudança no Brasil
Em 2008, durante o simpósio Activity2008, realizado em
Helsinque, Finlândia, conheci um colega pesquisador chamado José Marçal Jackson
Filho da Fundacentro no Rio de Janeiro. Na época, eu estava no segundo ano do
meu doutorado no Centro de Pesquisa em Atividade, Desenvolvimento e
Aprendizagem (CRADLE), onde trabalhavam Yrjö Engeström, Jaakko
Virkkunen, Annalisa Sannino e Laura Seppänen, entre vários outros
pesquisadores. Conversamos sobre nosso trabalho e trocamos contatos.
Em 2009, tive minha primeira experiência com
o Laboratório de Mudança em uma intervenção na cadeia produtiva de hortaliças
na Finlândia. Em colaboração com a investigadora Irene Vänninen, realizámos uma
intervenção com produtores de tomate, com o objetivo de construir um novo
modelo de controlo de pragas (Vänninen et al., 2015, 2021).
Em 2010, Marçal entrou em contato comigo por
e-mail, informando-me que um grupo de pesquisa no Brasil, o PesquisAT (Pesquisa
sobre Acidentes de Trabalho) liderado pelo professor Rodolfo Vilela, da
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, estava preparando um
projeto de pesquisa e provavelmente estaria interessado na teoria da atividade
como abordagem teórica. O grupo buscou articulação conceitual entre o TAHC e a
Ergonomia da Atividade, que já era domínio de pesquisadores do campo das intervenções
no trabalho e na saúde (Vilela
et al., 2018).
O grupo PesquisAT já havia ampliado sua
abordagem para analisar os acidentes de trabalho por meio da Ergonomia da
Atividade, o que possibilitou identificar fatores organizacionais e desenvolver
uma visão sistêmica mais ampla das causas dos acidentes (Vilela et al. 2018).
No entanto, essa abordagem ainda carecia de uma teoria capaz de explicar a
mudança: por que o sistema funcionava como funcionava, como os problemas
surgiam e quais direções ele poderia tomar. Além disso, muitos estudos
permaneceram no nível diagnóstico, sendo apresentados às empresas e depois
arquivados, com pouco impacto transformacional. Diante disso, o grupo
reconheceu a necessidade de uma abordagem intervencionista, na qual análises e
soluções seriam desenvolvidas em conjunto com os sujeitos da atividade, em
colaboração entre pesquisadores, trabalhadores e gestão.
Paralelamente à PesquisaAT, a Teoria
Histórico-Cultural da Atividade e os trabalhos de Engeström já eram conhecidos
por diversos grupos de pesquisa no Brasil, dos quais destaco quatro: o da
Profa. Yara Bulgakov, da Universidade Positivo (Paraná); a da Profa. Magda
Damiani, da Universidade Federal de Pelotas (Rio Grande do Sul), Profa.
Fernanda Liberali, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e o grupo
do Prof. Cristiano Matos, da Universidade de São Paulo. No entanto, até então,
nenhum deles havia aplicado intervenção usando o LM. Em 2011 conheci no CRADLE
alguns colegas brasileiros desses grupos de pesquisa, com os quais colaborei
posteriormente e que atualmente são importantes colaboradores na área de Teoria
da Atividade e do Laboratório de Mudanças no Brasil: Prof. Marcio Cassandre,
André Machado Rodrigues e Monica Lemos.
Em colaboração com o Dr. José Marçal e o
Professor Márcio Cassandre, com o objetivo de introduzir o Laboratório de
Mudanças no Brasil, publicamos juntos um artigo em coautoria com o título Laboratório
de Mudança: uma proposta metodológica para pesquisa e desenvolvimento da
aprendizagem (Querol
et al., 2011).
Este é o primeiro registro da apresentação do Laboratório de Mudança em
português que eu conheço.
Em 2011, iniciamos uma série de publicações
com colegas, que posteriormente foram publicadas para atender à necessidade de
material em português sobre o Laboratório de Mudanças. Dentre elas, destacam-se
duas entrevistas: uma com o professor Yrjö Engeström (Lemos
et al., 2013) e
outro com o professor Virkkunen (Virkkunen
et al., 2014b)
além da tradução de textos-chave por Engeström (Engeström, 2001, 2016) e às discussões sobre os contributos teóricos
(M.
Cassandre & Pereira-Querol, 2014; Querol et al., 2014).
Também em 2011, durante uma viagem a São
Paulo, ministrei uma palestra na Faculdade de Saúde Pública, na qual apresentei
o Laboratório de Mudanças. Também promovemos seminários voltados para a
divulgação do método para pesquisadores brasileiros em Saúde do Trabalhador, o
que despertou grande interesse. Sob a coordenação do Prof. Rodolfo
Vilela, pudemos concluir a elaboração de um projeto, que foi submetido à
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e aprovado com o
título "Acidente de trabalho: da análise sociotécnica à construção
social da mudança" (FAPESP nº 2012/04721-1), com vigência de 2013 a
2019 (Vilela
et al., 2019).
A proposta do projeto foi utilizar a LM como principal ferramenta metodológica
de apoio à pesquisa e desenvolvimento, com foco na prevenção de acidentes de
trabalho e na melhoria da saúde dos trabalhadores.
3. Formação
e troca de experiências (2012 e 2013)
Em outubro de 2011, defendi minha tese de
doutorado sobre Desafios de Aprendizagem para a Sustentabilidade (Querol,
2011).
Em junho de 2012 voltei ao Brasil e iniciei uma colaboração mais intensa com o
grupo PesquisaAT e com Marcio Cassandre. Em julho de 2012, fui convidado a ir a
Piracicaba, São Paulo, para ministrar uma palestra sobre o Laboratório de
Mudanças para um grupo de profissionais do Centro de Referência em Saúde do
Trabalhador (Cerest) de Piracicaba. Em vez de dar uma palestra tradicional,
decidi realizar uma mini sessão da LM, na qual buscamos analisar historicamente
o sistema de atividades e formular hipóteses de contradições. O grupo apreciou
a abordagem, que culminaria na implementação de uma intervenção mais ampla de LM
em 2014.
Para capacitar pesquisadores e profissionais
do PesquisaAT interessados na implantação do Laboratório de Mudança, em
setembro de 2012 foi realizado um curso sobre Laboratório de Mudança, em
colaboração com a Universidade de Helsinque. Para ensiná-lo, convidamos meu
orientador de tese, o professor Jaakko Virkkunen, um dos principais
desenvolvedores do método. O curso foi realizado na Faculdade de Saúde Pública
da Universidade de São Paulo (FSP-USP), e teve como foco a apresentação dos
fundamentos teórico-conceituais e exemplos de intervenções já realizadas. A
metodologia adotada foi predominantemente expositiva, o que gerou dificuldades
de aprendizagem para os participantes, devido à ausência de atividades práticas
e experiências com a aplicação do método.
Durante o curso, os participantes foram
divididos em três grupos, sendo que cada grupo foi responsável pelo
planejamento do piloto de uma intervenção. Ao todo, foram desenvolvidos três
projetos-piloto: um na atividade de Vigilância em Saúde do Trabalhador, um no
Hospital das Clínicas da USP e outro no Centro de Saúde Escola da USP.
Após o curso, entre 2012 e 2013, três
integrantes do grupo PesquisaAT — Prof. Ildeberto Almeida (2012), Prof. Rodolfo
Vilela (2013) e a então doutoranda Manoela Lopes (2013) — participaram de um
intercâmbio na Universidade de Helsinque, Finlândia. Durante o período, eles
também participaram da Escola de Verão sobre Teoria da Atividade e do
Laboratório de Mudanças, organizados pela universidade. Durante a visita, os
pesquisadores visitaram o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional e o
CRADLE.
Em 2013, o Prof. Jaakko Virkkunen publicou um
livro fundamental que sistematiza o método do Laboratório de Mudança, abordando
seus fundamentos filosóficos e teóricos, bem como o passo a passo da aplicação
de sua aplicação (Virkkunen
& Newnham, 2013). Assim que o
trabalho foi lançado, iniciamos sua tradução para o português na PesquisaAT,
que foi publicada em 2015 (Virkkunen
& Newnham, 2015).
Em 2013, iniciei meu pós-doutorado na
Universidade Federal do Paraná, com um projeto voltado para a formação de
conceitos para a gestão de resíduos sólidos no Estado do Paraná. Nesse período,
apresentei o método do Laboratório de Mudanças em um seminário que contou com a
presença, entre outros participantes, de dois gestores do Hospital
Universitário (HU) de Maringá. Após uma breve conversa e troca de contatos,
surgiu a ideia de aplicar o método na instituição. Na época, entrei em contato
com o professor Cassandre e apresentei-lhe a proposta, que foi recebida com
entusiasmo.
Em setembro de 2013, iniciamos o processo de
negociação e coleta de dados para a intervenção no HU de Maringá. Fui a Maringá
para ministrar uma palestra para profissionais do HU interessados em participar
da intervenção. As reuniões preparatórias continuaram sob a coordenação do
Prof. Cassandre, com o apoio do Profa. Carine Senger, até 2014, quando
finalmente começaram as sessões do Laboratório de Mudança.
Em 2014, durante meu pós-doutorado em
Curitiba (PR), conheci o Prof. Manoel Lesama, do grupo de pesquisa
"Socioeconomia e Saberes Locais", da Universidade Federal do Paraná,
que trabalhava com pesquisas em agroecologia e sistemas agroflorestais. A
partir deste encontro, fui convidado a dar uma palestra sobre Teoria da
Atividade e o Laboratório de Mudança para seu grupo de pesquisa. A apresentação
despertou o interesse dos participantes, que passaram a explorar possibilidades
de aplicação desses referenciais nos estudos desenvolvidos pelos alunos — o que
resultou na implementação de duas intervenções.
Em 2015, foi oferecido novamente um curso na
FSP-USP com o professor Jaakko Virkkunen, com a colaboração da pesquisadora
visitante Laura Seppänen. Nesta segunda edição, a proposta do curso foi
ampliada, incorporando tanto fundamentos teóricos quanto a análise de casos
reais de intervenção em andamento, e incluiu também a realização de tarefas
preparatórias pelos participantes.
Em 2015, duas pesquisadoras brasileiras,
Manoela Lopes do Grupo de Pesquisa em Acidentes de Trabalho (PesquisAT) e
Adriane Cenci da Educação e Psicologia Histórico-Cultural (EPHC), fizeram
intercâmbio no CRADLE, Finlândia por meio de doutorado sanduíche sob orientação
do professor emérito Yrjö Engeström, com o objetivo de obter apoio na análise
dos dados de suas intervenções.
Do final de setembro de 2015 a meados de
janeiro de 2016, durante quatro meses, o grupo PesquisaAT recebeu a visita da
pesquisadora do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, minha co-orientadora
Dra. Laura Seppänen da Faculdade de Saúde Pública. O objetivo da visita foi
facilitar a transferência de conhecimento sobre o método. Para tanto, obtivemos
recursos da FAPESP, na modalidade pesquisador visitante. Durante sua
estada, a Dra. Seppänen auxiliou pesquisadores brasileiros na condução de
diferentes projetos com o Laboratório de Mudanças. Além disso, liderou
seminários de estudo sobre o método para o grupo PesquisaAT e colaborou na
coordenação da submissão de resultados de pesquisa.
Em outubro de 2016, o grupo PesquisaAT
idealizou e implementou a primeira edição brasileira do curso sobre LM
oferecido na FSP-USP, ajustado ao contexto nacional e às demandas específicas
do grupo. A carga horária foi aumentada e formamos uma equipe de
instrutores. A construção da disciplina foi realizada de forma
colaborativa entre os professores e instrutores envolvidos, com abertura às
necessidades de aprendizagem expressas pelos alunos. Esse formato possibilitou
uma avaliação contínua do processo por todos os participantes, permitindo
ajustes ao longo do desenvolvimento do curso. Esse modelo de disciplina foi
reaplicado em 2018 e 2019.
Em 2017, outro curso foi oferecido com os
professores eméritos Reijo Miettinen e Jaakko Virkkunen do CRADLE. O professor
Reijo ministrou a parte conceitual no formato de seminários e debates, e o
planejamento e condução das intervenções foi coordenado pelos professores
Jaakko e Laura, utilizando como método discussões de casos em subgrupos
enriquecidos pela presença de participantes dos Laboratórios de Mudança em
andamento.
Em 2019, a partir das discussões sobre as
lições aprendidas com o projeto temático, o grupo PesquisaAT destacou a
necessidade de ampliar as soluções desenvolvidas e sustentar, a longo prazo, o
processo de aprendizagem (Vilela
et al., 2020).
Nesse mesmo ano, a FAPESP lançou, em parceria com a Agência Nacional de
Pesquisa da França, uma chamada de propostas para pesquisa colaborativa entre
os dois países. Vislumbrando a colaboração com pesquisadores franceses, o grupo
PesquisAT iniciou a construção de uma nova iniciativa com pesquisadores do
Conservatório Nacional de Artes e Ofícios (em francês: Conservatoire National
des Arts et Métiers - CNAM), dando origem ao projeto Inovação e Transformação
da Atividade de Prevenção de Riscos Ocupacionais (ITAPAR).
A partir de 2020, os cursos do Laboratório de
Mudança, organizados pelo grupo PesquisaAT, passaram a ser oferecidos
exclusivamente por professores brasileiros, mantendo o formato iniciado em
2016, mas com estrutura interinstitucional. As aulas passaram a ser realizadas
online e contaram com a participação de professores de diferentes
universidades, sendo cada encontro conduzido por um professor de uma
instituição diferente. Essa estratégia buscou fortalecer dois aspectos
principais: (1) garantir maior continuidade à disciplina, evitando a
dependência de apenas um ou dois professores; e (2) promover o engajamento, a
aprendizagem e o envolvimento de outros professores, considerando que, para
ensinar o método, é necessário compreendê-lo profundamente. Desde então, os
cursos são oferecidos nesse formato colaborativo. Por questões burocráticas,
nos últimos dois anos (2024 e 2025), a disciplina deixou de estar vinculada à
pós-graduação da FSP-USP e passou a ser oferecida pela UNESP, que oferece maior
flexibilidade para disciplinas interinstitucionais.
Nos demais grupos, MEDIATA e EPHC, o processo
de capacitação dos pesquisadores no método se deu por meio de leituras, grupos
de estudos e tutoria individualizada durante as trocas. No grupo MEDATATA, por
exemplo, os pesquisadores se reúnem periodicamente para ler, discutir casos e
trocar experiências.
4. Intervenções
de LM no Brasil
Um total de 40 intervenções (Tabela 1) foram
identificadas e conduzidas por diferentes grupos de pesquisa. As primeiras
ocorreram em 2014, de forma relativamente paralela, em três grupos distintos:
PesquisaAT, MEDATA e EPHC. A maioria das intervenções foi realizada nas áreas
de educação (35%), saúde (20%), agricultura (10%) e vigilância do trabalho
(7%).
Embora as negociações e a coleta de dados
para as primeiras intervenções com o método Laboratório de Mudança tenham
começado em 2012 e 2013, as sessões propriamente ditas só começaram em 2014.
Dentre eles, destacam-se: intervenção na atividade de gerenciamento de resíduos
sólidos (M.
P. Cassandre et al., 2018; Paniza, 2016), a intervenção
relacionada com a construção de um aeroporto (Lopes
et al., 2018a, 2018b), um na vigilância em
saúde ocupacional do CEREST Piracicaba (Cerveny
et al., 2020; Vilela et al., 2018) e uma na educação
básica com o objetivo de promover a inclusão de alunos com deficiência (Cenci,
2016; Cenci et al., 2019, 2020).
Este último descrito por Cenci (Cenci,
2016)
foi realizado pelo grupo de pesquisa Educação e Psicologia Histórico-Cultural
(EPHC), coordenado pela professora Magda Damiani, da Universidade Federal de
Pelotas. A intervenção com o gerenciamento de resíduos sólidos na HU de Maringá
foi conduzida pelo Prof. Cassandre, que posteriormente criou o grupo de
pesquisa MEDIATA.
Dentre as LMs realizadas em 2014, destaca-se
a realizada no CEREST de Piracicaba, cuja proposta não se limitou à
experimentação de uma nova abordagem, mas visava a adoção de uma metodologia
inovadora de intervenção nas empresas. Essa metodologia buscou superar a lógica
tradicional centrada em recomendações e sanções, promovendo transformações nos
processos produtivos e organizacionais por meio da participação ativa de atores
internos nas empresas. A experiência resultou em uma mudança paradigmática na
forma de atuação do serviço de vigilância em saúde do trabalhador, sinalizando
uma inflexão em direção a práticas mais participativas e transformadoras (Vilela
et al., 2018).
A partir de 2015, o número de intervenções
começa a aumentar. Entre eles, uma escola primária (Avellar,
2017; Silva-Macaia et al., 2019), um na atividade de
crédito rural (Picinatto,
2017);
no ensino superior (Vilas-Boas
et al., 2020) e
em um Centro de Saúde Escolar (S.
V. Costa et al., 2018).
Entre 2016, foram realizadas diversas
intervenções, inclusive nas atividades de reinserção de adolescentes em
conflito com a lei (Morgado,
2023),
nos transportes metropolitanos (Lopes
et al., 2020),
no serviço de hemodiálise (Masiero
et al., 2020),
na luta contra o trabalho infantil (Donatelli,
2019),
na rede de serviços de saúde (Guidi
Junior, 2018; Silva-Macaia et al., 2020); e outro na gestão
de uma associação de produtores agroflorestais (Francisco
Junior, 2018; Francisco-Junior et al., 2023).
Entre as intervenções realizadas em 2016,
destaco aqui a realizada na atividade de transporte ferroviário (Lopes
et al., 2020)
pela investigadora Manoela Lopes. Esse Laboratório de Mudanças resultou em uma
série de inovações, incluindo a combinação do método com o Modelo de Análise de
Prevenção de Acidentes (MAPA), o uso de oficinas de treinamento e a formação de
grupos colaborativos de planejamento para as sessões. Dentre essas inovações,
destaca-se a realização de oficinas de capacitação, que tiveram papel
fundamental na capacitação dos participantes da intervenção quanto aos
conceitos envolvidos, o que contribuiu para um uso mais qualificado desses
referenciais nas sessões subsequentes.
Entre 2017 e 2019, foram realizadas diversas
intervenções aplicando o método Laboratório de Mudança em diferentes setores.
Em 2017, destacam-se as iniciativas nas áreas de limpeza pública (Bobadilha,
2020; Coluci et al., 2020) e assistência ao
parto e maternidade (conduzida pelo grupo Gênero, Maternidade e Saúde – GEMAS, (Diniz
et al., 2021; Niy & Diniz, 2023)ensino superior (Santos,
2017).
No ano seguinte, em 2018, houve intervenções
na Segurança Social (Tessarro;
Querol; Almeida, 2022), em gestão de
negócios (Palongan
et al., 2019) e
na luta contra as doenças endémicas (Paulino,
2021)escola
primária (Cruz,
2020). Em
2019, foram realizadas ações voltadas à valorização do café em uma cooperativa
do norte do Paraná (Leite,
2020),
na qualificação da Atenção Primária à Saúde (Bezerra,
2022),
educação de jovens e adultos (Dias,
2021).
Em 2020, devido às restrições de aglomeração
causadas pela pandemia de COVID-19, as intervenções com o método Laboratório de
Mudança tiveram que ser repensadas. Muitos foram adiados ou cancelados, e os
que ocorreram durante esse período foram realizados principalmente online.
Dentre as intervenções realizadas nesse contexto, destacam-se ações na educação
básica voltadas para crianças com necessidades especiais (do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação Inclusiva de Vygotski - GEPEIVyg; (Gomes,
2022),
no Ministério Público da Infância e da Juventude (Grecco,
2023),
na produção de café (Senger,
2022) e
na prevenção de mortes por acidentes de trabalho (Moriyama
et al., 2022)escola
primária (De Matos Oliveira; de Loiola Araújo, 2024).
Em 2021, com o relaxamento das restrições da
COVID-19, as intervenções de CL voltarão ao presencial. Em 2021, foi
realizada uma intervenção na atividade de cooperação internacional (M.
P. Cassandre et al., 2024), em um coletivo de
mulheres pesquisadoras (Pontes,
2022)Escola
primária (Betty,
2023).
Em 2022, foram realizadas intervenções na atividade de segurança pública da
Polícia Militar de Santa Catarina (Schüler, 2024; Zanotti, 2024), Serviço de Saúde
para Usuários de Álcool e Outras Drogas (S.
L. B. Hurtado et al., 2024), Gestão Hospitalar (Ferreira
et al., 2024) e
no ensino fundamental (do Grupo de Pesquisa em Práticas e Formação para a
Docência – GPDOC; (A.
M. Costa & Powaczuk, 2024).
Em 2023, foi realizada uma intervenção na
atividade de educação básica inclusiva (Morais,
2024)
(Morais, 2024), ensino superior (Postiglione
et al., 2025)
Vigilância de Acidentes de Trabalho (S.
B. Hurtado, Em prelo), a atividade
sindical do petróleo (Takahashi
et al., 2024). Provavelmente,
outras intervenções foram implementadas em 2024 e 2025; No entanto, devido ao
tempo necessário para análise e publicação, essas experiências só devem ser
conhecidas em breve.
Tabela 1. Intervenções com o método Laboratório
de Mudança realizadas no Brasil, desde a primeira em 2014 até o presente.
Data |
Atividade |
Setor |
Instituição |
Local |
Grupo de
pesquisa |
Refs. |
2014 |
Vigilância
em Saúde Ocupacional |
Saúde
ocupacional |
Centro de
Referência em Saúde do Trabalhador |
Piracicaba,
SP |
Pesquisar
EM |
(Cerveny et al., 2020; Vilela et al., 2018) |
2014 |
Escola
primária |
Educação |
Escola
primária |
Pelotas-RS |
EPHC |
(Cenci, 2016; Cenci et al., 2019) |
2014 |
Construção |
Infra-estrutura |
Aeroporto
de Viracopos |
Campinas,
SP |
Pesquisar
EM |
(Lopes et al., 2018a, 2018b) |
2014 |
Gestão de
Resíduos Sólidos |
Ambiente |
Hospital
Universitário de Maringá |
Maringá,
PR |
MEDIAR |
(M. P. Cassandre et al., 2018) |
2015 |
Crédito
Rural |
Agricultura |
UNICAFES
Cooperativas |
Sudoeste
do PR |
Socioeconomia
e Conhecimento Local |
(Picinatto, 2017) |
2015 |
Serviço
de saúde |
Saúde |
Centro de
Saúde Escola da USP |
São
Paulo, SP |
Pesquisar
EM |
(S. V. Costa et al.,
2018) |
2015 |
Escola
primária |
Educação |
Escola
Metropolitana |
RMSP |
Pesquisar
EM |
(Avellar, 2017; Silva-Macaia et al., 2019) |
2015 |
Ensino
Superior em Medicina |
Educação |
Universidade
Federal de Pelotas |
Pelotas-RS |
EPHC |
(Vilas-Boas et al., 2020) |
2016 |
Prevenção
do trabalho infantil |
Justiça e
Direitos |
COMETIL |
Limeira,
SP |
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EM |
(Donatelli, 2019) |
2016 |
Serviço
de Hemodiálise |
Saúde |
Hospital
Universitário |
Estado de
SP |
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EM |
(Masiero et al., 2020) |
2016 |
Gestão de
uma Associação Agroflorestal |
Agricultura |
Associação
Agroflorestal Ecológica Morretes |
Matinhos,
PR |
Socioeconomia
e Conhecimento Local |
(Francisco Junior, 2018; Francisco-Junior
et al., 2023) |
2016-2017 |
Reintegração
de adolescentes em conflito com a lei |
Assistência
social |
Fundação
Casa |
Campinas,
SP |
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(Morgado, 2023) |
2016-2018 |
Serviços
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Saúde |
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Piracicaba,
SP |
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(Guidi Junior, 2018; Silva-Macaia et al.,
2020) |
2017 |
Transporte
ferroviário |
Transporte |
Empresa
de transporte metropolitano |
São
Paulo, SP |
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(Lopes et al., 2020) |
2017 |
Limpeza
Pública |
Educação |
Empresa
de Limpeza Pública |
Interior
de SP |
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(Bobadilha, 2020; Coluci et al., 2020) |
2017 |
Ensino
superior |
Educação |
Instituição
Pública de Ensino Superior |
N/A |
MEDIAR |
(Santos, 2017) |
2017 |
Parto e
maternidade |
Saúde |
Maternidade
de São Paulo |
São
Paulo, SP |
GEMAS |
(Diniz et al., 2021;
Niy & Diniz, 2023) |
2018 |
Gestão da
empresa |
Administração |
Empresa
de cosméticos |
N/A |
MEDIAR |
(Palongan et al., 2019) |
2018 |
Controle
de Doenças Endêmicas |
Saúde |
SINDSEP-SP |
São Paulo |
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(Paulino, 2021) |
2018 |
Segurança
social |
Assistência
social |
INSS |
Jaú, SP |
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EM |
(Tessarro et al., 2022) |
2019 |
Escola
primária |
Educação |
Escola
Pública do Município de Osasco |
Osasco,
SP |
N/A |
(Cruz, 2020) |
2019 |
Atenção
Primária à Saúde |
Saúde |
Unidade
Básica de Saúde |
Parnaíba,
PI |
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EM |
(Bezerra, 2022) |
2019 |
Educação
de Jovens e Adultos |
Educação |
Redes
Públicas no Estado da Paraíba |
Online |
N/A |
(Dias, 2021) |
2019 |
Produção
de café |
Agricultura |
Cooperativa
dos Cafeicultores do Norte do Paraná |
Tomazina-PR |
MEDIAR |
(Leite, 2020) |
2020 |
Produção
de café |
Agricultura |
Centro
Comunitário do Matão |
Tomazina-PR |
MEDIAR |
(Senger, 2022) |
2020 |
Ministério
Público da Justiça da Infância e da Juventude |
Justiça e
Direitos |
Ministério
Público do Estado de São Paulo |
São
Paulo, SP (online) |
ITAPAR |
(Grecco, 2023) |
2020 |
Prevenção
de Mortes por Acidentes de Trabalho |
Saúde
ocupacional |
SUS,
VISAT e CEREST |
Online |
ITAPAR |
(Moriyama et al., 2022) |
2020 |
Ensino
Fundamental |
Educação |
Escola
primária |
Contagem,
MG Online |
N/A |
(Oliveira &
Araújo, 2024) |
2020 |
Educação
Especial de Ensino Fundamental |
Educação |
Escola
pública |
Natal, RN
(online) |
GEPEIVyg |
(Gomes, 2022) |
2021 |
Cooperação
internacional |
Educação |
Universidade
Estadual de Londrina |
Londrina,
PR |
MEDIAR |
(M. P. Cassandre et al., 2024) |
2021 |
Ensino
Fundamental |
Educação |
Escola
primária |
Limeira,
SP |
ITAPAR |
(Betty, 2023) |
2021 |
Movimento
Social |
Sociedade
civil |
Coletivo
de Mulheres Pesquisadoras em Administração (COMPA) |
Online |
MEDIAR |
(Pontes, 2022) |
2022 |
Gestão
Hospitalar |
Saúde |
Hospital
Universitário |
N/A |
ITAPAR |
(Ferreira et al., 2024) |
2022 |
Serviço
de saúde |
Saúde |
Centro de
Saúde para Usuários de Álcool e Outras Drogas |
Botucatu,
SP |
ITAPAR |
(S. L. B. Hurtado et
al., 2024) |
2022 |
Segurança
Pública |
Segurança |
Polícia
Militar de Santa Catarina |
N/A |
ITAPAR |
(Schüler, 2024;
Zanotti, 2024) |
2022 |
Ensino
Fundamental |
Educação |
Escola
primária |
Santa
Maria, RS |
GPDOC |
(A. M. Costa & Powaczuk, 2024) |
2023 |
Vigilância
de Acidentes de Trabalho |
Saúde
ocupacional |
CEREST,
Empresas e Sindicatos |
Piracicaba,
SP |
ITAPAR |
(Hurtado, no prelo) |
2023 |
Fundo
Ensino. Especial |
Educação |
Ensino
Fundamental I |
Natal, RN |
GEPEIVyg |
(Morais, 2024) |
2023 |
Sindicalismo
petrolífero |
Sociedade
civil |
Sindicato
dos Petroleiros - SINDIPETRO |
Litoral
paulista |
ITAPAR |
(Takahashi et al., 2024) |
2023 |
Ensino
superior |
Educação |
Universidade
Pública Federal |
Santa
Maria, RS |
N/A |
(Postiglione et al., 2025) |
5.
Discussão
O artigo tem como objetivo responder às
perguntas: Quantas e quais intervenções de LM foram realizadas? Quais condições
permitiram o surgimento e a difusão da LM no Brasil?
A análise histórica do surgimento e expansão
do Laboratório de Mudanças em diferentes grupos de pesquisa no Brasil indica
que, mesmo antes do início das negociações e da coleta de dados, há um período
prévio de "gestação". Esse processo de gestação parece seguir um
padrão recorrente, geralmente composto por três estágios principais:
1. Formação
de equipas de investigadores intervencionistas;
- Estabelecimento de redes com comunidades externas
(networking);
- Construindo uma comunidade local de prática.
O treinamento pode ocorrer de várias
maneiras: por meio da participação em cursos formais (como MOOCs, cursos de
verão ou cursos acadêmicos) ou de forma mais artesanal e individual, como
autoleitura, acesso a vídeos e discussões em pequenos grupos. Outra forma,
embora menos comum, é a inserção em intervenções já em andamento, o que permite
o aprendizado direto na prática.
Dada a forte base teórica da LM, esse
treinamento requer material de apoio especializado, como textos, vídeos e
estudos de caso. Esses materiais geralmente precisam ser traduzidos e adaptados
ao contexto cultural local - incluindo idioma, vocabulário e práticas
específicas - para se tornarem efetivamente aplicáveis.
O trabalho em rede desempenha um papel
fundamental nesse processo, funcionando como uma rede de apoio técnico e
conceitual. Pode ser alcançado por meio da participação em eventos,
intercâmbios acadêmicos, visitas de pesquisadores ou reuniões individuais. Esse
contato externo contribui significativamente para a transferência de
conhecimento, além de oferecer suporte em momentos-chave como a negociação,
análise e planejamento de intervenções. Isso se torna ainda mais relevante
tendo em vista a complexidade teórica envolvida na realização de uma LM.
Paralelamente ao treinamento e ao networking,
grupos locais de discussão e apoio estão começando a se formar. À medida que
essa comunidade local se consolida, a dependência do intercâmbio internacional
tende a diminuir, e o trabalho em rede externo passa a desempenhar um papel
mais voltado para a contínua atualização e aprofundamento do conhecimento.
No caso do grupo de pesquisa PesquisaAT,
devido ao grande número de pesquisadores envolvidos, o processo de formação foi
institucionalizado por meio de disciplinas, que foram inicialmente organizadas
por professores externos e com o tempo passaram a ser conduzidas pela própria
equipe. Em outros grupos, o processo de formação parece permanecer mais
artesanal, por meio de discussões periódicas em grupo e tutoria
individualizada.
A trajetória histórica da LM no Brasil sugere
o surgimento de subcomunidades locais compostas por pesquisadores seniores e
estudantes com diferentes níveis de especialização, que se articulam com redes
mais amplas por meio de conexões com pesquisadores externos, buscando
validação, aconselhamento e suporte metodológico. Ferramentas como vídeos e
traduções expandem o acesso ao conteúdo de treinamento, enquanto cursos online,
MOOCs e escolas de verão contribuem para um treinamento mais estruturado. Além
disso, as inovações promovidas pelo nosso grupo, como seminários mensais, um
curso anual dedicado ao método e a possibilidade de aprendizagem por meio da
participação em outras LMs, fortalecem os processos de aprendizagem e favorecem
a multiplicação qualificada dessa abordagem em diferentes territórios e temas.
Esse processo de apoio às comunidades locais
é reconhecido e conceituado como plataformas de aprendizagem Lopes e colegas (Lopes
et al., 2021).
Essas plataformas são entendidas como sistemas de atividades intermediárias,
nas quais os participantes têm outra atividade como objeto de ação. Exemplos
dessas plataformas incluem o processo de treinamento de métodos, reuniões de
planejamento de intervenção, entre outros. Essas plataformas provam ser uma
importante estratégia de aprendizado.
6.
Desafios conceituais e práticos
Durante a adoção e implementação do
Laboratório de Mudanças no Brasil, surgiram desafios conceituais e práticos,
afetando pesquisadores e participantes. Entre os desafios conceituais, dois se
mostraram particularmente complexos: os conceitos de objeto e contradição.
Na teoria da atividade, o conceito de objeto
é de natureza dual: refere-se simultaneamente à matéria-prima ou à
situação-problema inicial a ser transformada e ao resultado previsto, o futuro
desejado (Miettinen,
2005).
Muitos membros dos grupos lutaram para compreender essa dualidade, o que torna
a identificação do objeto da atividade um processo demorado e exigente dentro
das intervenções.
O conceito de contradição também apresenta
dificuldades, não apenas para pesquisadores iniciantes, mas também para os mais
experientes. Muitas vezes é interpretado como sinônimo de conflito, barreira ou
falta de algo; No entanto, no sentido dialético, uma contradição refere-se a
forças internas opostas que coexistem dentro de um elemento ou sistema e
impulsionam seu desenvolvimento (Vilela
et al., 2020).
A meu ver, a raiz dessa dificuldade reside no
fato de que a compreensão completa desses dois conceitos requer um pensamento
dialético, particularmente fundamentado em dois princípios: o princípio das
relações internas e o princípio da contradição como força motriz do
desenvolvimento. Para aqueles que não estão acostumados a esse tipo de
raciocínio, pode ser um desafio reconhecer o aspecto dual do objeto e aceitar a
contradição como uma característica permanente e estrutural da realidade.
Assimilar e aplicar essa lógica demanda tempo e prática.
Além disso, dois desafios práticos foram
particularmente relevantes. A primeira diz respeito ao objeto específico da
saúde ocupacional e da prevenção de acidentes durante a negociação de
intervenções. A prevenção de acidentes nem sempre parece atrativa para a
gestão, o que exige maiores esforços de negociação e construção de demanda.
O segundo está ligado à forte cultura
hierárquica no Brasil, que é muito mais pronunciada do que nos países nórdicos.
Nas organizações brasileiras, há uma divisão rígida do trabalho em relação à
inovação e ao desenvolvimento: a gestão é responsável pelo planejamento e pela
tomada de decisões, enquanto os trabalhadores se restringem à execução das
tarefas. Essa cultura limita a participação ativa dos trabalhadores nos
processos de transformação e pode gerar resistência da gestão. Portanto, é
necessário abordar esse problema explicitamente com a gerência antes de iniciar
as sessões. Em alguns casos, os problemas de comunicação entre os trabalhadores
e a gerência são tão graves que sessões paralelas são necessárias até que um
nível suficiente de aprendizado e confiança seja estabelecido.
7.
Considerações Finais
Dada a complexidade teórica envolvida, a
implementação de um Laboratório de Mudanças requer um processo cuidadoso de
treinamento e suporte especializado. Para acelerar sua difusão no Brasil, seria
essencial ter uma coordenação nacional que facilitasse esse processo de
"gestação". Isso poderia ser feito por meio da oferta de cursos
estruturados, materiais didáticos adaptados às condições locais — como vídeos,
guias práticos e textos traduzidos — e espaços de formação continuada.
Além disso, fortalecer o trabalho em rede
entre pesquisadores e profissionais que trabalham com LMs é essencial. A troca
de experiências e o apoio técnico e metodológico entre os grupos podem ampliar
o alcance e a qualidade das intervenções.
Nesse sentido, propõe-se a criação de uma
rede nacional de pesquisadores envolvidos com os Laboratórios de Mudança, com o
objetivo de articular esforços, compartilhar conhecimentos e promover a
consolidação dessa abordagem em diferentes contextos brasileiros.
Sobre o promotor
Marco Antonio Pereira Querol é Professor Associado do Departamento de
Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Sergipe (UFS), lecionando
Sociologia Rural, Extensão Rural e Movimentos Sociais. Sua pesquisa se
concentra em Inovação, Sustentabilidade, Aprendizagem Organizacional, Teoria da
Atividade Histórico-Cultural e Metodologias Intervencionistas, particularmente
o Laboratório de Mudança.
E-mail: mapquero@gmail.com
ORCID: 0000-0003-3815-1835.
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